domingo, 22 de novembro de 2009

Aonde a vida nos leva?

Aonde nos deixamos levar?

Alguma vez você já parou pra pensar até onde você é capaz de ir?
As vezes a felicidade ilusória é sua pior inimiga e melhor amiga ao mesmo tempo...
Isso pode soar como uma linha tênue sobre o rio da loucura... Não estou longe disso...
Como entrei nesse mar vasto e confuso? Até eu gostaria de saber...
Mas não quero passar meus dias me usurpando... Sendo uma mentirosa, não sou isso!

Tudo sempre começa como uma válvula escapatória sorrindo para você, te seduzindo...
E você, totalmente encantando, entra nesse universo, e vai a fundo, procurando satisfações momentâneas, algo que tire sua dor perseguidora...
E você se engana tanto, que se sente um ser sobrenatural, de poder devastador, poderosa...
Mas por dentro se sente cada dia mais fraca e perdida, sabe que está vivendo uma mentira, não pertence a esse mundo!
Já vivi de mentiras antes e me recuperei... Mas afinal? Qual a diferença entre suas fantasias, seu universo paralelo de fuga e a vida mentirosa?
Acho que é a mesma da minha falta de sanidade momentânea!

Sou mentirosa, sou super poderosa, sou usurpadora, sou nojenta, sou nada.
Me resgata?
Me ajuda a achar meu caminho novamente?
Algo que me leve ao mundo que eu realmente pertença!
Não aguento mais viver assim!
A linha tênue está se rompendo...
O tempo está acabando...

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Levo a vida a cada passo,
assim distraída, despreocupada.
Minhas raízes não são fixadas,
eu as arranquei há tanto tempo.
Minhas essências se exalam a cada respiração
e pensamentos são levados pelo vento.
Sou do mundo, do universo,
sou minha, não tenho dono, nem casa.

Meus nós não são flores, nem rios, são pássaros.
Minhas cordas se romperam,
e meu caminho é infinito.

A minha vida não é gaiola, é floresta, é mar.
Meu idioma é único, é universal.
Sou cada semente, cada fonte de vida.
Cada ser é mar, e mar é universo em expansão.

Sou passageira como uma brisa de verão,
mas deixo rastros, solto sementes por onde eu passo.
Me libertei quando o vento passou por mim,
e soprou em meu rosto.
Me disse: És minha filha, tens que se soltar,
tens que amar livremente e se intensa.
Mas nunca se esquecer do mistério das estrelas,
pois a cada brilho único delas, está a sua história.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Dúvidas...

Mais uma madrugada me embala,
com seu cântico de silêncio.
No ar, uma densidade estranha,
tá mais húmido, mais pensado, mas sufocador.
Quero um cigarro, preciso exteriorizar esse ar,
esse grito, esse mundo girando na velocidade da luz.

Calma, respira, feche os olhos.
Isso é passageiro, passa com a vida,
um dia você acorda, morre e vai.
Será?
Então passa todos os dias ?
Morremos a cada respiração, a cada pulso,
a cada camada invisível de si que é solta.

Não! Não pode ser! Sou jovem!
Não tenho medo da bela dama me levar,
mas tenho coisas não terminadas e não começadas,
tenho auto-promessas a cumprir!
Tenho muito de mim para dar!
Muito de outros para arrecadar!
Não posso bela Dama! Espere!
Não respirarei mais, nem pulsarei,
nem deixarei que minha pele seca e invisível se solte de mim!

Calma menina,
acenda teu cigarro,
expire esse ar pesado,
abra os olhos, é pesadelo.
Não te levarei tão cedo, tens muito o que cumprir!
Muito para dar e muito para arrecadar,
mas terá antes que aprender a absorver!

E amanhã bela dama?
Como vai ser?
O que tenho a fazer antes de eu morrer?

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Maresia

Me vesti para ver o mar,
nele mergulhei tomada pelas ondas dos pensamentos.
Meus cabelos de ondas me levaram para longe,
para um paraíso submerso aonde corais coloridos brilham ao verem o sol.

Naveguei pelo desconhecido,
parando em cada porto,
buscando me encontrar,
buscando respostas.

No céu as estrelas sempre me acompanharam,
me advertindo, me orientando, me trazendo alegrias.
Estrelas celestes do mar,
mar de sorrisos, de verbos, mar-humano.

Vesti minha pele para caminhar na areia.
Buscando sentir cada grão de vida,
cada concha quebrada de mim.
Os pássaros pousados cantaram,
e eu conhecia a canção, ela me embalava,
embora eu não fosse capaz de escutá-la.

Nadei com as algas e as tartarugas,
brinquei com golfinhos falantes,
que me explicavam as incertezas da vida em versos de sal.

Mergulhei hoje nesse mar,
tenho ido lá há um tempo.
Mar paralelo a mim,
Mar de mim.

01-07-09
7:24h

terça-feira, 2 de junho de 2009

Finos Saltos

Em uma fina linha,
suspensa no céu do tempo,
bamba, sem alguma proteção.
Tento atravessar,
caminho calmamente,
me equilibrando nos finos saltos ocultos que você escolheu.

Um forte vento de incertezas me balança,
passa com a intensidade de um furacão.
No vai e vem das lembranças e de atos presentes,
me desequilibro.

Inspiro fundo buscando restaurar minha postura.
Um passo em falso pode ser fatal.
Se eu cair, qual dos pólos devo escolher?
Será que encontrarei algo para me segurar?
Ou algo que me suspenda e me ajude a seguir?

Se equilibra menina,
ultrapassar essa fina fronteira é sua missão, sua sina.
O incerto é sua chegada,
tem cor de folha viva, mas prestes a secar.
Vá! Se apresse, o outono está acabando!
Há de tombar, mas há de chegar!
Sempre seguindo, suspensa nos seus finos saltos,
finas lembranças, finas respostas,
fina corda.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Garoa

Acordei, mas não sei ao certo se estou acordada.
Talvez seja a minha manhã nostálgica,
talvez seja a chuva que dança, que cai.

Chuva nostálgica e reflexiva.
Me lava, me induz ao interno.
Me lembra que dentro de mim há um ciclo,
sobre o qual estou presa.
Me liberte chuva, se torne tempestade e me leve.
Preciso que me arranque pela falsa raiz,
que sei que não me prende verdadeiramente.

Há tantas fases em meu ciclo,
mas quase todas tem um ponto fixo em comum.
Será ele mesmo fixo?
Será que me prende? Que me quer presa?
Será este ponto tão egoísta?
Acho que nunca saberei ao certo.
Mas me libertarei,
farei de mim tempestade.

Cai chuva, alimenta as plantas mães,
traga esperança, me alimente.
Estou saindo do eixo, não quero girar.
Não quero ser ciclo, quero ser caminho.
Caminho guiado por teus rios.
Chove, me molhe, me faça ninar.
Me faça sorrir livremente.
Quero ser chuva.
Quero ser livre.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

E algo acontece...

E então, tudo se foi?
Como um flash repentino, uma quadro de uma cena, quase imperceptível!
Será?
Por um triz, um milímetro, não se foi.

Mas calma menina, não há ação sem reação, você acha, que a sua reação chegou?
E a menina com sua pele fria, arrepiada, coração disparado e mente confusa, ela tinha certeza que o que acontecera era a tal reação.
Ela estava errada, era só um aviso: Algo pior estava por vir...
Uma parte se foi com aquela cena, mas esta não era visível!

Dias após ela acordava ainda assustada...
E pensava: Por quantos dias ainda??? Será que o susto não foi o bastante?
Não menina, ele não foi... Como disseram, falta sua reação e ela chega hoje.
Não tenha medo, uma parte se vai com ela, vai doer, arrancar pedaços violentamente dói! Mas com ele se vai o que te deixava inquieta...

Ela para, a cada segundo pensa: não dói, era mentira essa parte, nada se fora!
E sorri, ela tenta se manter certa disso...
Para menina, para! Encare o fato, se foi sim e dói!
Não há remoções sem cicatrizes, nem aprendizados sem dor...
Mas é preciso... Tire a venda, você é mais bela quando pode ver o mundo, quando pode se ver.

E a menina sorri, um sorriso dolorido...
É, estavam certos, minha reação não tinha chegado naquele dia, mas agradeço por enfim ter chegado, foi preciso! Um dia sei que isso se esclarecerá, o futuro me mostrará, mas por enquanto vou sorrir e seguir...
Uma parte me fora arrancada, essa deixou uma cicatriz, mas acho cicatrizes belas e essa com certeza será a mais bela de todas! E a cada dia vou me lembrar dessa parte, não com tristeza por sua partida, mas com alegria por um dia ter estado lá... Quem sabe um dia eu perceba que ela não se fora de verdade, que era só mais uma marca feita para corrigir algo? Mas por enquanto que se vá... Pois assim respiro melhor, vejo melhor, fico mais leve...

E foi assim que a menina pode entender melhor os últimos acontecimentos de sua vida, eles não eram reações, eram só ações que a mostravam que algo grave estava para vir. Esta por sua vez se manteve cega para os avisos e teve que enxergar bruscamente. Mas ela se sairá bem desse acidente, é uma menina forte, se recupera bem... Aprende rápido, e adora mutações!
E mais um capítulo do livro da menina se passa...

Daqui pra frente, o que será que o livro tem para ela? Isso só seguindo suas páginas ela saberá!
Vá menina, não tenha medo, leia atenciosamente... Um novo capítulo começa agora... Se apresse!

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Eu

De todos os poemas que não li,
não escrevi, não senti.
De tudo o que eu não vivi,
não tentei, não esqueci.
De dores, tormentos, alegrias, paradoxos.
De tudo isso sou feita.
De tudo isso sinto falta...

Sim, sinto falta do que sou,
Mas como pude eu sentir falta do desconhecido?
Pois sempre que me conheço,
Renovo, para ter mais o que conhecer, o que ser...

Sou, conheço, sinto, vivo.
Sou emoções?
Sou lembranças?
Acho que sou desejos infinitos não realizados.

Sou uma interrogação a mim mesma,
E é isso que me mantém viva,
É minha complexidade, meu paradoxo, minha dualidade,
Que me sustenta, me fortalece,
Que me guia, me guia para onde eu não sei,
Mas quero saber...
Quero sentir, quero viver.

É, é a minha fome de viver que me faz ser assim...

EU



*Antiguinho =]

domingo, 29 de março de 2009

Evapora

Ei moço! Me da um cigarro?
Eu preciso do amargo tabaco
pra inferiorizar a minha amarga melancolia.

Vai moço, não me negue um cigarro,
necessito da sua brasa na garganta
cauterizando as palavras não ditas.

Poxa, é tudo que lhe peço,
quero embaçar meus olhos cansados
com sua densa fumaça de respiração.Verificar ortografia
Quero calor nos meus pulmões
para aquecer minha alma fria.
Quero poetizar minha tristeza
numa cena de cinema clássico:
dor, cigarro, caneta, beleza avessa.

Moço, vai, seja bonzinho,
deixa-me sentir viva,
me deixa exteriorizar meu sopro sofrido,
minha mente nebulosa,
meus ossos em cinzas,
Deixa eu me desfazer!
Por favor seu moço!



*Texto encontrado numa bolsa... Tem um tempinho que escrevi já!

quinta-feira, 5 de março de 2009

Labirinto

O vento sopra, faz frio.
Me arrepio e estremeço,
Tilindrando invonluntariamente.
Me perdi, to perdida...
No centro de um labirinto de palavras.

Não enxergo, tudo está tão embaçado.
Meus ouvidos se recusam a me ajudar.
Minha mente não quer funcionar...
To confusa... As palvras não se encaixam.
Não tem saída!

É tudo tão ambíguo, tão dual, tão extremo.
Nada que tenha visto antes...
Palavras não são só palavras,
São muros e montros e heróis!
São só palavras perdidas!

São palavras sem contexto, sem fundamento, sem ação.
Não se encaixam!
Um maltido labirinto..
Labirinto de palavras perdidas, palavras contraste..
Palavras mentira!

To perdida....
To cansada...

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

- Uma Pequena Teoria -

"As pessoas só observam as cores do dia no começo e no fim, mas, para mim, está muito claro que o dia se funde através de uma multidão de matrizes e entonações, a cada momento que passa.
Uma só hora pode constituir em milhares de cores diferentes.
Amarelos céreos, azuis borrifados de nuvens. Escuridões enevoadas.
No meu ramo de atividade, faço questão de notá-los."



(A menina que roubava livros - Passagem narrada pela morte)

sábado, 31 de janeiro de 2009

Sinto...

Sinto falta,
sinto falta de uma parte de mim,
parte essa que nunca foi minha de verdade,
parte que doía tanto,
agora não dói mais.

Sinto falta dos excessos,
excesso de felicidade, de liberdade, de risos,
de lágrimas intermináveis, de dor mortal,
para o que é imortal.

Sinto falta do que foi,
do que por mais que eu tentasse não voltou,
do que foi, mas se foi e não será, não é...

Sinto falta do que se desprende de mim,
do que por mais falta que eu sinta,
falta não me faz mais.
Do que caminhou, seguiu,
mas para além da eternidade estará em mim,
e nem a força maior que existe arrancará!

Sinto, não sinto, sinto.
Falta, lembranças, crianças, medo, amor, descobertas.
Se foi e permanece.

Sinto falta, mas aprendi a viver com a falta.
Não sinto mais,
Sinto muito....

Escrito dia 30-01-09
As 01:47 am

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Borboletando.

As borboletas dançam,
elas rodopiam e mostram suas cores brilhantes pela luz do sol.
Elas comemoram,
É o verão, não é inverno!
Não é lagarta!
É borboleta...
Doce como néctar de jasmim,
assustadora como casca de tronco envelhecido,
mas são borboletas...
São frágeis, são inocentes, são livres, são crianças bailando no ar...
São fantasia e personagens de milhares de contos...
São significados ocultos..
São o medo de uma menina boba! E o encanto da mesma..
São só borboletas....

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

O Pequeno Príncipe - Cap. VIII

"Pude bem cedo conhecer melhor aquela flor. Sempre houvera, no planeta do pequeno príncipe, flores muito simples, ornadas de uma só fileira de pétalas, e que não ocupavam lugar nem incomodavam ninguém. Apareciam certa manhã na relva, e já à tarde se extinguiam. Mas aquela brotara um dia de um grão trazido não se sabe de onde, e o principezinho vigiara de perto o pequeno broto, tão diferente dos outros. Podia ser uma nova espécie de baobá. Mas o arbusto logo parou de crescer, e começou então a preparar uma flor. O principezinho, que assistia à instalação de um enorme botão, bem sentiu que sairia dali uma aparição miraculosa; mas a flor não acabava mais de preparar-se, de preparar sua beleza, no seu verde quarto. Escolhia as cores com cuidado. Vestia-se lentamente, ajustava uma a uma sua pétalas. Não queria sair, como os cravos, amarrotada. No radioso esplendor da sua beleza é que ela queria aparecer. Ah! Sim. Era vaidosa. Sua misteriosa toalete, portanto, durara dias e dias. E eis que uma bela manhã, justamente à hora do sol nascer, havia-se, afinal, mostrado.

Rosa 2E ela, que se preparava com tanto esmero, disse, bocejando:

- Ah! Eu acabo de despertar… Desculpa… Estou ainda toda despenteada…

O principezinho, então, não pôde conter o seu espanto:

- Como és bonita!
- Não é? Respondeu a flor docemente. Nasci ao mesmo tempo que o sol…

O principezinho percebeu logo que a flor não era modesta. Mas era tão comovente!

- Creio que é hora do almoço, acrescentou ela. Tu poderias cuidar de mim…

E o principezinho, embaraçado, fora buscar um regador com água fresca, e servira à flor.
Assim, ela o afligira logo com sua mórbida vaidade. Um dia por exemplo, falando dos seus quatro espinhos, dissera ao pequeno príncipe:

- É que eles podem vir, os tigres, com suas garras!
- Não há tigres no meu planeta, objetara o principezinho. E depois, os tigres não comem erva.
- Não sou uma erva, respondera a flor suavemente.
- Perdoa-me…
- Não tenho receio dos tigres, mas tenho horror das correntes de ar. Não terias acaso um pára-vento?

“Horror das correntes de ar… Não é muito bom para uma planta, notara o principezinho. É bem complicada essa flor…”

- À noite me colocarás sob a redoma. Faz muito frio no teu planeta. Está mal instalado. De onde eu venho…

Mas interrompeu-se de súbito. Viera em forma de semente. Não pudera conhecer nada dos outros mundos. Humilhada por se ter deixado apanhar numa mentira tão tola, tossiu duas ou três vezes, para pôr a culpa no príncipe:

- E o pára-vento?
- Ia buscá-lo. Mas tu me falavas…

Então ela redobrara a tosse para infligir-lhe remorso.
Assim o principezinho, apesar da boa vontade do seu amor, logo duvidara dela. Tomara a sério palavras sem importância, e se tornara infeliz.
“Não a devia ter escutado - confessou-me um dia - não se deve nunca escutar as flores. Basta olhá-las, aspirar o perfume. A minha embalsamava o planeta, mas eu não me contentava com isso. A tal história das garras, que tanto me agastara, me devia ter enternecido…”

Confessou-me ainda:

“Não soube compreender coisa alguma! Devia tê-la julgado pelos atos, não pelas palavras. Ela me perfumava, me iluminava… Não devia jamais ter fugido. Devia ter-lhe adivinhado a ternura sob os seus pobres ardis. São tão contraditórias as flores! Mas eu era jovem demais para saber amar.”